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Discursos carregados de mágoas e recheados com uma louca vontade de mostrar o tamanho da própria superação, mostram – na verdade – o quanto aquela terapia da moda falhou miseravelmente. As redes sociais deveriam se chamar redes dos desabafos e das desilusões.
Vê-se o quanto nossas filosofias de independência e liberdade são banais e nossa busca pela felicidade está distante da realidade. Fazermos de tudo para transparecer o que acreditamos ser o suprassumo da felicidade, mas ainda estamos mal amados e falidos.
Sim, essa é a palavra: falidos! E não vejo mal algum em dizê-la. Ela não soa bonito nem está na moda. Mas a verdade precisa ser encarada com franqueza e coragem. O amor é importante na vida de todos nós, a solidão é um cárcere e as filosofias utópicas de auto-suficiência são delírios que nos tornam tolos e medrosos. Não passam de ideologias que nos ensinam a disfarçar a dor com discursos de falsa superação.
No mundo há gente má. Quem não sabe disso? Sempre houve e sempre haverá. Mas não são a maioria e não são os que prevalecem. O mal que fazem geralmente voltam para si mesmos e se não voltam também nada temos a ver com isso. Colham o que colherem, isso sequer deveria nos interessar. Quem age por consciência e sinceridade não deve se importar com o destino dos tolos e as consequências de suas tolices. Mas para isso precisamos estar curados.
A cura, contudo, não está sempre ao alcance das mãos – como alguns gostam de pensar. Geralmente nos esforçamos para maquiar o exterior, mas deixamos descuidado o resto. Nosso discurso pobre mostra o vazio e a dor. O esforço para esconder onde fracassamos nos faz fracassar mais uma vez. O fracasso não é a vergonha, mas a necessidade de escondê-lo e a incapacidade para se levantar quando é preciso.
É saudável reconhecer as derrotas, porém ainda mais saudável é recomeçar. A carreira, a família, a fé… mas principalmente aquilo que mais nos completa: o amor. Amar é essencial à vida. É simplesmente fundamental. Correr dele significa correr da felicidade. Rejeitá-lo é como rejeitar a própria humanidade.
Eu já tive vitórias e fracassos. Hoje me considero por baixo e não me envergonho disso. Faz parte do jogo. Mas o cenário no tabuleiro sempre muda e qualquer jogador sabe disso. A roda da fortuna tem seus altos e baixos, nada é eterno, nem o que há de bom nem de ruim. E aquele que nunca falhou que me atire logo todas as pedras, pois não farão a mínima diferença: as pedras que com minha consciência atiro em mim mesmo me são muito mais dolorosas que qualquer outra, provenientes de qualquer mão.
É aí, contudo, que está a graça da vida. Enquanto luto pelo recomeço e por uma nova realização, crio nessa mesma luta o valor da minha vitória. É na luta que me inspiro, é nela que encontro força e coragem, a luta me faz maior e não a vitória. E quando a realização chegar gozarei dela toda e muito, em plenitude, beberei dela como quem num deserto encontra o oásis e nele faz permanente morada.
Sim, por vezes a dor me abate – no deserto a sede é cruel. Mas é nesse momento que me lembro como é bom fartar-me nas doçuras dos rios em que já me banhei – e então sinto forças para buscar por eles! Se vivesse num paraíso constante, certamente me veria entediado da riqueza que, sendo plena, jamais daria o devido valor.
É assim que nossa alma cresce e aprende. É assim que evoluímos e nos tornamos mais fortes. Saber fazer da dor sua companheira passageira e necessária – ao invés de negá-la -, enquanto se bebe do fel, preparando o estômago para as doces águas… essa é a essência da alma de um guerreiro!
Hoje vê-se a face esbofeteada pela dureza da desilusão, enquanto a alma sonha e a mesma face já sente, em seu próprio sonho, o frescor da brisa que sopra no alto dos belos montes da realização.
Vê-se a beleza do guerreiro enquanto ele golpeia seus inimigos com força e fé, e não enquanto se esbalda nas comemorações de suas conquistas e flerta com o destino, gabando-se de suas glórias.
Não se envergonhe das suas derrotas e não temas os recomeços. É preciso coragem para recomeçar. Apenas os fortes e sinceros de coração fazem isso. Os fracos mentem e mascaram, flertam com o covardia, escondem o medo e fogem da luta.
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