Agora sei que de fato sou poeta!
Não o sei pela rima, nem sempre certa.
Tão pouco pela palavra, nem sempre bela.
Mas por ter tomado do fel, amargo.
E persistir amando, de fato.
Só o poeta é sonhador,
A ponto de manter o amor,
Apesar de toda a dor,
E fazer dela amiga fiel,
Inspiradora, como chuva que cai do céu.
Sou poeta por querer amar,
Por ver morrer a esperança e ainda assim levantar,
Por ver nascer no horizonte algo para acreditar,
O poeta é teimoso, tinhoso…
Ainda que solitário, ele se mostra corajoso!
Palavras são meros detalhes,
Um tipo de arte, escultura, entalhes…
Um medo velado de que a expressão falhe.
São levadas pelo vento, para longe da boca.
Esquecidas com o tempo, memórias rotas.
Contudo o poeta persiste, insiste!
Ele sabe, bem no fundo, que o amor existe!
Pode sair por ai, meio triste…
Mas há de nascer como todo novo dia!
E há de trazer muito mais alegria!
Há muitos que vejo, perderam a esperança…
Não sonham mais como sonham crianças.
Não veem a vida como uma grande dança.
Mas deixam secar o coração, distante da razão…
Aquela que pensa, pois é a da emoção.
Mas afinal, que graça há na vida?
Se tua armadura andar sempre erguida?
Se tua muralha é alta e fria?
De que vale evitar o amor, pela dor;
Se da dor, vem a esperança, e dela então amor?