Para qual sentido sua bússola tem apontado? É preciso escolher um lado, afinal, o país está em clima de guerra fria. Já pensou em que trincheira você vai lutar?
Interessante, até pouco a população em geral estava bastante apática. Víamos a roubalheira, a corrupção e toda essa patifaria que sempre nos assolou. Mas por algum motivo, parecíamos não estar muito incomodados. As coisas ia mal… mas tudo bem!
Previdência social falindo (um processo de décadas), inflação comendo nossa moeda, estado inchando, impostos aumentando, obras faraônicas, projetos espetaculares, gastos desmedidos, muito desvio de dinheiro público, caixa dois, lei de responsabilidade fiscal totalmente ignorada… mas ninguém estava se incomodando. Uma onda de otimismo, bastante oba oba e zilhões investidos em marketing deixava muita gente bastante confortável.
Notícias falsas de prosperidade infinita, muito sensacionalismo, números inventados e relatórios manipulados anestesiaram nosso povo por muitos anos. Enquanto isso, promovíamos uma legítima redistribuição de renda, nunca antes vista na história desse país, do bolso de todos para uma elite que continua sempre pobre, apesar de ser possuidora de uma fortuna incalculável.
A ideia do “pobre milionário”, do trabalhador que não trabalha, da “gente do povo” que anda de escolta, carro blindado e segurança armado… a falácia do pacifista que pega em armas, do humilde arrogante, do líder que compra votos, coage e não mede esforços para perpetuar-se no poder. Dogmas que nos doutrinaram e criaram uma geração idealista e ingênua. Cega a ponto de não ver o óbvio – ou mesmo vendo, incapaz de reconhecê-lo.
E de repente a sociedade ficou polarizada. Hoje cada um se tornou o minion de alguém. Cada um tem seu malvado favorito, seu ladrão de estimação, seu santo salvador da pátria! Hoje brigamos entre nós para provar quem é o político mais honesto – se é que isso existe. Admiro a fé desse povo que pensa assim.
As pessoas querem “somente mais direitos”, como disse uma certa ex presidenta. Elas querem uma aposentadoria rica e farta, centenas de benefícios, milhões de ministérios, estatização total, estabilidade no emprego e altos salários. Muitos querem, inclusive, que o estado esteja sempre presente e que trabalhe como uma espécie de babá, uma que faz tudo por seu bebezinho fofo. Contudo, querem impostos baixos ou até nenhum imposto. Como se nada tivesse custo e como se dinheiro nascesse em árvores.
Seria uma mágica interessante, qualidade de vida de primeiro mundo com estado inchado e economia digna de uma república de bananas. Até hoje ninguém viu isso acontecer, mas ainda há quem acredita ser possível.
Não investimos em educação de qualidade e não participamos de mercados interessantes, tais como o de tecnologia, robótica, IA, etc. Também não adotamos técnicas agropecuárias avançadas, como a de Israel que planta no deserto e exporta produtos para toda a Europa. E não trabalhamos por um estado menos intrusivo e uma economia mais aberta. Mas queremos comer do melhor dessa terra e vivermos como nossos amiguinhos mais desenvolvidos. A conta não fecha.
Em nossas escolas temos assuntos bem mais interessantes do que matemática, línguas e ciência. Temos a ideologia de gênero para discutir, a aprovação automática para garantir e doutrinação partidária para concluir o jogo sujo.
As “minorias” também roubam grande parte da cena desse debate polarizado. Ao invés de lutarmos por igualdade e respeito, estamos mais ocupados brigando por privilégios para esse ou aquele grupo. Em detrimento, é claro, da verdadeira cidadania que todos deveríamos exercer. Alimentamos o ódio e a segregação em nome de dívidas históricas. E queremos cobrar o preço de quem não tem a dívida na fatura.
Precisamos acordar para a realidade…
Estamos errando no básico, ou seja, estamos separados! Enquanto nos preocupamos com teorias da conspiração dignas de filmes de Hollywood, não vemos os problemas notoriamente embaixo dos nossos narizes. Gatunos fazem o que querem e nós aqui brigando por esquerda ou direita.
No fundo, todos eles dão as mãos e não enxerga quem não quer. Durante os debates do período eleitoral eles travam entre si discussões acaloradas, mas no dia seguinte às eleições eles fazem acordos, loteiam a câmera, distribuem cargos e festejam a vitória – a deles contra todos nós, os bobos da corte.
Quando ouço alguém discutindo e defendendo seu santo do pau oco eu tenho pena. Se toda essa energia fosse empenhada em algo útil nosso país estaria bem melhor. As pessoas brigam, encerram amizades, tornam-se intolerantes, ofendem seus iguais… e tudo isso para quê?
Sonho com o dia em que a bússola do brasileiro deixará de brigar entre a esquerda e a direita para funcionar como deve, apontando para um norte para todos nós. Juntos.