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Uma vez um viajante disse ao seu companheiro:
– Quero chegar no topo daquela montanha!
O companheiro respondeu:
– Gostei da ideia! Você me ajuda a chegar lá?
Mas a resposta foi a seguinte:
– Eu vou com você sim, claro! Mas só se você me carregar nas costas. Você é mais forte que eu e, enquanto isso, vou descansar e me preparar para quando você precisar de mim.
Então o companheiro “mais forte” carregou o “mais fraco” nas costas. Eles seguiram enquanto o companheiro descansado pedia para ir mais rápido:
– Vamos! Não desanime, é uma subida fácil e você prometeu me levar! Quanto mais rápido for, mais realizados ficaremos por nossa conquista!
Assim seguiram até que o viajante forte se encontrou exausto. Mas já era metade do caminho, então ele pediu ajuda ao invés de desistir:
– Eu não consigo continuar, estou muito cansado. Você me ajuda a continuar subindo?
Porém, o companheiro respondeu:
– Já chegamos até a metade e eu não preciso mais de você, posso subir mais rápido se usar a energia que economizei até aqui. Se eu o ajudar, posso ficar para trás. Posso ficar cansado como você. Mas quero muito chegar no topo. Eu penso grande! Eu sonho alto! Me dê provisões para continuar porque vou na frente.
O viajante descansado seguiu certo de sua vitória enquanto o viajante cansado passou por momentos terríveis. Achou que tinha perdido tudo e quis desistir. Sentiu a dor da traição, da escassez de provisões e das pernas cansadas.
Foi difícil… mas algo óbvio, que no início não era fácil enxergar pelas vistas cansadas, começou a ficar claro ao viajante cansado: apesar de ter perdido o ritmo, a viajem passaria a ser mais fácil. A metade do caminho que ele andou pelos dois já lhe conferia a vitória de uma caminhada inteira. E agora não precisaria mais ficar ouvindo as cobranças e as pressas do companheiro descansado.
Ele levantou-se, ainda desolado, e seguiu. A cada passo que dava suas pernas achavam a trilha mais simples e fácil. A cada dia que caminhava o sorriso lhe surgia mais fácil e frequente. As cobranças acabaram-se e o caminho começou a mostrar-lhe sua beleza, tornando o topo do monte um mero detalhe. A companhia sincera do caminho era mais agradável que a do companheiro egoísta.
O viajante aprendeu que o topo não importava e começou a explorar a montanha em toda sua extensão. Ele descobriu que caminhar era mais importante que chegar e que qualquer companhia só valeria a pena se fosse agradável, leve, honesta e verdadeira.
Ele observou a natureza e os animais. Aprendeu a diferença entre coelhos fofos e raposos traiçoeiras. Entre ervas venenosas e as boas para o corpo e para a alma. Entre o céu, a terra e o inferno. Entre a pedra de tropeço e a pedra de apoio.
O viajante seguiu e esqueceu-se de seu companheiro traiçoeiro. Seu destino e promessas vazias não importavam mais. Se alcançou o topo que tanto desejava, provavelmente não encontrou nele a alegria que procurava. Pois, na verdade, o maior tesouro do viajante são os desafios e sabores da viagem.
Ele pôde caminhar sossegado e apreciar todas as nuances e diversidade de cores do caminho. Pôde experimentar novos sabores e contagiar-se com a alegria de sua caminhada.
O viajante recuperado retornou ao início do caminho e deixou uma mensagem:
A quem passar por aqui e iniciar uma jornada, aconselho que escolha um companheiro que goste de desafios. Os que desejam apenas o prêmio, no fim da jornada, geralmente farão qualquer coisa para consegui-lo e não saberão aproveitar a beleza da caminhada e a companhia ao seu lado.
😉