Ao longo da vida, como muitos de nós, pude experimentar vários relacionamentos amorosos. Não me considero um especialista no assunto, mas há algo em especial sobre o qual gostaria de escrever.
Na maioria das experiências que tive pude observar que nenhum sentimento especial surgiu. Não nos apaixonamos por todas as pessoas – muito menos amamos todas. E, coincidência ou não, jamais consegui gostar de verdade de alguém por quem não tenha sentido algo especial desde o primeiro momento.
Muito ouço falar que o tal “amor a primeira vista” é uma grande besteira. E que é muito mais seguro e sensato não acreditar nisso, é claro! Mas… bem lá no fundo… o fato é que quando a gente gosta é de verdade. Quando não, raramente a insistência ou o tempo ajudam. Às vezes parece que a coisa se transforma num tipo de “amizade” – com ou sem sexo -, um respeito, companheirismo… porém, nada mais. A pessoa pode até te fazer bem, mas paixão mesmo, isso não rola.
Sorte ou azar, sou do tipo difícil de se apaixonar. Mas às vezes, quando conheço alguém que meus olhos conseguem ver como especial, eles brilham e meu coração acelera. Eu sei que poderia passar o resto da vida ao lado daquela pessoa. Isso não é racional, a maioria vai me julgar por dizer isso… mas que se dane!
Nunca me satisfez estar ao lado de pessoas que não podem completar as necessidades da minha alma. E, sinceramente, o medo de “quebrar a cara” só me livraria de sentimentos empolgantes e verdadeiros como esse. Sinto falta dele quando meu coração está vazio, ou seja, sem um alguém especial. E acho chata e insossa essa conversa de “amar só a si mesmo”.
Eu quero amar outra pessoa, a mim eu já sei que eu amo! Nunca tive dificuldades para desejar e buscar o melhor para mim mesmo, isso é coisa de quem não tem amor próprio ou se deu mal na vida amorosa e, por isso, precisa ficar se convencendo com frases prontas do tipo “tenho que me amar, tenho que me respeitar”. Um conselho: vá ao psicólogo, ele vai te ajudar!
Sempre existiu um nome para quem “só ama a si mesmo”. Esse nome é “egoísmo” e não “amor próprio”. Pessoas que só pensam e vivem para si mesmas não conseguem amar ninguém. Elas só vêem o próprio umbigo. Mas não se iluda, elas são tão infelizes quanto os que sofrem de falta de amor próprio de fato.
Um ser humano saudável sabe amar! Tanto a si como a uma outra pessoa. É alguém aberto para a vida! Amor e sexo são coisas extremamente naturais e importantes. Cada um de nós é o resultado disso, não é mesmo? Ou você acha que nasceu do espírito santo? Não, seus pais com certeza fizeram sexo e, provavelmente, se amaram em algum momento.
Amor e sexo são fundamentais na vida e na felicidade das pessoas, não vá nessa conversa fiada de viver para si mesmo e amar a si mesmo (apenas). Não caia nessa falácia de ser independente e não precisar de ninguém. Todos precisamos de outras pessoas, isso é natural. Não dê ouvidos a essa idiotice de que se envolver é perigoso, pois perigoso mesmo é viver sempre só e achar que isso pode ser normal de alguma forma. Perigoso é se fechar para as pessoas só porque sofreu alguma desilusão na vida, afinal, quem nunca teve alguma desilusão? Perigoso é comparar todos que chegam na sua vida com todos que se foram, dizer que todo mundo é igual, se fechar em sua concha e não deixar o sol entrar para te dar luz e vida!
Conheço muitas pessoas boas que tem sucumbido a estes apelos e discursos pobres. Ao invés de buscarem cura para suas feridas na alma, se aconselham com pessoas ainda mais doentes e a epidemia se alastra. Consequência: uma sociedade cada vez mais fria, ressentida e desconfiada. Pessoas solitárias que postam fotos com sorrisos maquiados nas redes sociais e ornamentadas com frases prontas, para mostrarem o quanto são mais felizes que o mundo todo! Isso sim é um comportamento afetado e não natural.
Acostumar-se ou adaptar-se à doença não é igual à encontrar a cura para ela. É tornar-se ainda mais doente, só que conformado. Se a sua cabeça dói e você tenta se acostumar com a dor, não pode chamar isso de cura. Para realizar é preciso agir, para vencer é preciso lutar! Quem não dá a cara a tapa não chora, mas também não conquista. Quem não joga não perde, mas também não ganha. Quem não se arrisca não vive!
O esporte nos ensina que garra, persistência e ação são fundamentais para a vitória. O medo e a falta de atitude, por outro lado, são a garantia da derrota. Você caiu? Levante-se! Machucou? Aplique aquele remédio amargo que dói, mas resolve. Não fique pelos cantos choramingando como um coitadinho, pois esta atitude não conquista nenhum troféu. Se você joga como um derrotado certamente não será um vitorioso.
As pessoas hoje tem medo de tudo, elas não querem correr riscos. Não querem tentar por receio de dar errado. Não querem se entregar a nada nem assumir compromissos porque as coisas podem não sair como esperam. Esse derrotismo tem vencido a muitos de nós e nos jogado no caminho do esquecimento e da solidão.
Evitar se comprometer não exime ninguém das responsabilidades que possui. Responsabilidade é a coisa da qual temos tentado fugir todos os dias. As pessoas hoje tem horror a essa palavra, compromisso, pois ela trás à tona uma coisa da qual não gostamos, a responsabilidade. Mas dizer-se “sem compromisso” com coisas, projetos ou pessoas não exime ninguém da responsabilidade que qualquer relação trás intrinsecamente.
Nós de fato temos, queiramos assumir ou não, responsabilidades na vida para com todos os demais à nossa volta. Somos responsáveis por nós mesmos, nossos amigos, nossa família e pelas pessoas com as quais nos relacionamos de qualquer forma. O máximo que alguém pode fazer é enganar a si mesmo e fugir desse fato. Essa atitude apenas nos revela negligentes e covardes. Nada mais.
O que eu digo ou faço repercute, emitindo “ondas comportamentais”, na sociedade que me abriga. As outras pessoas nos vêem e nós a elas. Somos uma espécie sociável, evoluída para trabalhar colaborativamente e viver em grupos.
Então negar-se a compromissos, responsabilidades e relacionamentos não resolve o problema de ninguém, apenas mascara as patologias da psique de uma pessoa. Sim, nós devemos amar, nos apaixonar, nos envolver e declarar isso ao mundo para que ele se torne o “mundo melhor” com que tanto sonhamos.
Não são os anos que farão você se apaixonar, mas seu estado de espírito livre! Não é o tempo que lhe dará segurança – até porque segurança é mais uma utopia idiota, sabemos que tudo muda o tempo todo! Permitir-se amar e viver é que é uma atitude saudável. Quanto as dores e desilusões? Bem, você terá que aprender a lidar com elas como coisas naturais da vida – pois é isso que elas são.
Temer a dor é como temer a própria vida. Pois quem vive certamente sentirá dor em algum momento. As lágrimas fazem parte da sua exitencia e de sua história tanto quanto os sorrisos. E lidar com isso naturalmente é saudável!
Quando tentamos evitar a dor e o sofrimento, de fato estamos evitando ter uma vida saudável – com seus altos e baixos, momentos bons e difíceis, paixões itensas e finais de relacionamentos, amor e até ódio! Somos humanos e tudo isso é natural.
Eu adoro me apaixonar! Esse sentimento maravilhoso que tira o sono, causa suor frio, pernas bambas e me deixa nas nuvens pode até ser breve, mas é maravilhoso! E não vou me privar de experimentá-lo sempre que eu puder, da mesma forma que não deixo de tomar uma boa garrafa de vinho só poque posso sentir ressaca no dia seguinte. Essas moderações exageradas são medíocres e desnecessárias.
Quando alguém toca meu coração eu arrisco tudo! Ponho as fichas na mesa, jogo meu melhor olhar de conquistador barato, faço o melhor que posso para agradar e tento manter aquela pessoal especial perto de mim o quanto eu puder. Quem sabe um dia encontro alguém que ficará até o final da vida comigo?
Então, com as fichas na mesa, jogo meu blefe e coloco as cartas. E seja o que Deus quiser! Um bom lutador sabe que às vezes se nocauteia e às vezes se é nocauteado. Um bom jogador sabe que às vezes se ganha e às vezes se perde. E um bom amante da vida sabe que às vezes se conquista o seu grande amor e às vezes encontra-se, aqui e ali, alguma pequena desilusão.
Paciência… assim é a vida! Vamos amar enquanto a velhice e as rugas não tornam nossa conversa mais interessante que nosso sorriso, já tão desdentado!