Somente uma vida. Foi exatamente isso que cada um de nós recebeu. Do acaso, dos deuses, da evolução… cada qual com sua resposta, cada um com sua fé. Mas o fato continua: somente uma vida. Quanta consciência você realmente tem sobre isso?
Claro, você dirá que tem. Não é um fato novo para ninguém. Aqui se nasce, cresce e morre. É assim para tudo e todos desde tempos imemoriais. Mas não é essa exatamente a questão. O nível de consciência que alguém tem sobre sua mortalidade é diretamente proporcional as atitudes que tem em prol de sua própria felicidade.
Gastamos grande parte do nosso tempo vivendo como se fossemos imortais. Mas não somos. E as evidências são várias. Quantos projetos e sonhos você já adiou por motivos diversos e, muitas vezes, até tolos? O quanto tem fugido das realizações que deseja alcançar por medos e inseguranças? Quantos desafios tem deixado de lado pelo temor de fracassar?
Contudo, o tempo não pára. Ele segue seu curso como um rio selvagem e livre. Deixando para trás tudo que tenta lhe deter e empurrando adiante tudo que não estiver firme em seu caminho. O tempo é como esse rio, volumoso, profundo e de águas escuras – pois não há quem possa ver através dele nem desvendar seus mistérios.
E enquanto tememos, nos escondemos, fugimos e hesitamos… enquanto adiamos nossos sonhos, planos e aspirações… enquanto nos deixamos abater pelo tamanho dos desafios que nos afronta, como gigantes de armadura reluzente, armados até os dentes… o tempo, nosso real inimigo, se aproveita de nossa fraqueza e abatimento para nos roubar nosso único e grande tesouro: nossas vidas!
O medo é um mecanismo natural de defesa. Ele limita o homem e os demais animais para que não entrem facilmente em situações que ofereçam risco a sua integridade física e mental. Mas também nos rouba oportunidades, muitas vezes únicas, de realizarmos coisas grandiosas. E a vida? Bem, ela não pára!
Por esse motivo é preciso buscar coragem. É preciso mudar, reinventar-se, aprender novas formas de atacar e se defender, erguer-se sempre mais uma vez, mostrar a vida e ao tempo que mesmo sendo breves você os fará valer a pena!
Não há uma forma fácil de fazer isso, mas a ideia é bem simples: não se detenha por seus medos, não adie seus sonhos, não fuja de suas aspirações e jamais tema o poderoso gigante!
Não sabe por onde começar? Então comece de qualquer jeito, mas não fique parado sem saber para onde ir. Comece um novo relacionamento, um novo projeto pessoal ou profissional, volte a andar de bicicleta, contemple o pôr do sol, assista boquiaberto o movimento das ondas do mar e faça seu espírito renascer forte e corajoso – talvez mais que aquele rio assustador que o leva ao dia do seu último suspiro: o tempo.
Mas e seu eu errar?! E se eu sofrer?! E se eu perder?!
Perguntas cruéis que não se deve fazer. O erro, o sofrimento e a perda fazem parte da vida. Sofre desilusões apenas quem ama! Mas do que vale passar uma vida inteira sem amar? Junto poderá vir a desilusão que faz parte desse jogo. Algo que deve ser visto como um acontecimento natural.
Sofrer é fundamental para a condição humana, que sempre anseia ultrapassar novos limites e alcançar novas realizações. Se tens uma alma vigorosa sabes o valor das vitórias e os custos das batalhas. Não se vence sem guerra e é assim que as coisas sempre funcionaram e funcionarão.
Aceite o risco. Faça apostas. Seja ousado! O azar não vem para quem não põe suas fichas na mesa, mas também não vem sobre ele a sorte. De que vale toda uma vida insossa? Sem derrotas, mas sem vitórias. Sem azar, mas sem sorte. Sem desilusões, mas sem amores. Será uma vida ou mera existência, que passará sem gosto e sem lembranças que valham o esforço de serem recordadas?
Quero ter a vontade e a coragem para me atirar de qualquer penhasco que me apareça, apenas para sentir na pele o sabor do vento e, por alguns momentos, realizar o meu desejo de voar! Pois para onde vou não tenho certeza. E se terei outra chance de realizar algo ousado e incrível, não tenho como saber. Mas uma coisa eu sei: esta vida tenho em minhas mãos, farei com ela o melhor que puder, para que não tenha somente lamentos em meus últimos dias, mas sim muitas realizações.
Se no fim da vida meus ossos não me permitirem levantar, saberei que minha alma, mesmo assim, estará de pé.